Grandes Times: o Real Madrid de 1985-1989

A história do Futebol


Qualquer bom madridista que se preze, conhece os três grandes times que marcaram a história merengue no século XX. Se nos anos 50 o Real de Di Stefano e das Cinco Copas fez história, e no final do Século XX quem mandou na Europa foi o time de Roberto Carlos, Hierro, Redondo, Raúl e companhia (que no século XXI seria reforçado por Zidane, Ronaldo, Beckham ...), entre eles, um grande time marcou a década de 1980, mostrando muito do que realmente era o DNA blanco. A chamada "Quinta del Buitre" foi uma das grandes responsáveis por tornar a equipe referência de clube laureado, e uma das marcas mais poderosas do futebol mundial.

O começo


Quinta del Buitre foi o nome dado à grande geração de jogadores formados nas canteras do Real Madrid na década de 1980. O começo deste grande time se deu no ano de 1983. A equipe Castilla brilhava na Segunda Divisão, e o técnico da equipe principal, Alfredo Di Stéfano, estava atento à estes talentos. Sanchis e Martin Vazquez foram os primeiros a se juntar ao elenco principal, seguidos pelo mítico Butragueño.

Um dos maiores atacantes da história do futebol espanhol, Butragueño foi justamente o grande responsável pelo apelido "Quinta de Builtre". Se juntariam a ele, Sanchís e Martín Vázquez, Míchel e Miguel Pardeza, últimos integrantes do quinteto. Mesmo tendo sido multicampeão como jogador e iniciando um trabalho promissor como técnico, Di Stéfano foi demitido do comando da equipe antes da temporada 1984-1985. Contudo, ele já havia instalado novamente no Santiago Bernabéu a sua filosofia de jogo, buscando um futebol ofensivo e com a bola bem trabalhada.

Amancio Amaro assumiu o lugar de Di Stéfano, mas logo deu lugar à Luis Molowny. Como havia sido vice campeão nacional na temporada anterior, o Real assegurou  vaga para a disputa da Copa da UEFA, e nela fez uma campanha histórica. Na primeira fase, eliminou o Wacker Innsbruck, da Áustria, vencendo por 5 a 0 em casa, e perdendo por apenas 2 a 0 fora. Na fase seguinte, a derrota para o Rijeka da Iugoslávia por 3 a 1 na ida, complicou muito a vida madridista. Mas, na volta o Santiago Bernabéu viu os merengues golearem o time báltico por 3 a 0, com gols de Juanito, Santillana e Valdano.

Nas oitavas de final, Butragueño e companhia protagonizaram uma façanha ainda maior. Perderam para o Anderlecht, da Bélgica, por 3 a 0 na partida de ida. Na volta, porém, Builtre comandou a remontada blanca, marcando três gols. Valdano fez dois tentos, e Sanchís  completou a goleada. Nas quartas de final, o Tottenham foi eliminado com uma vitória merengue por 1 a 0 em Londres e um empate sem gols em Madri. A taça estava próxima.

Já entre os quatro melhores, o Real Madrid encarou a Internazionale nas semifinais. A derrota por 2 a 0 no Giuseppe Meazza poderia ter custado caro, mas o Real era o time da virada. Os merengues venceram os neruazzuris por 3 a 0 no jogo de volta do Santiago Bernabéu, e na sequência conquistaram a Copa da Uefa vencendo os húngaros do Videoton na decisão, vganhando por 3 a 0 na Hungria, e perdendo por 1 a 0 na Espanha. Ainda nesta temporada 1984-1985, os merengues conquistaram a Copa da Liga espanhola, passando pelos rivais Barcelona e Atlético de Madrid no caminho. E o melhor ainda estava por vir.

O auge


Na temporada 1985-1986, Ramón Mendoza àassumiu a presidência do Real Madrid. A boa base, que já contava com Miguel Ángel no gol (posteriormente, Agustín Rodríguez e Paco Buyo o substituiriam), Chendo e Camacho nas laterais, Sanchís na zaga, Gallego e San José nas meias, e Valdano, Juanito e Butragueño no ataque, Maceda e Sanchís na zaga, foi ainda mais reforçada com o xerifão Antonio Maceda (ex-Sporting Gijón), o raçudo volante Gordillo, e o centroavante mexicano Hugo Sánchez, que havia brilhado e sido artilheiro da liga espanhola anterior com a camisa do Atlético de Madrid.  Com a chegada de Sanchez, Juanito foi para o banco, onde fazia companhia à Santillana, que era o centroavante mais de área, e arma para os momentos de maior dificuldade.
Assim, estava montada uma base para fazer história. Logo na segunda rodada do Campeonato espanhol 1985-1986, o Real goleou o Valencia por 5 a 0. Com uma campanha de 26 vitórias, quatro empates e quatro derrotas, sendo 100% de aproveitamento no Santiago Bernabéu, os merengues se sagram campeões da liga com extrema facailidade, e logo cedo puderam se dedicar à Copa da UEFA, onde alcançaram o bicampeonato.

Depois de estrear na competição continental batendo o AEK em Madri por 5 a 0, os merengues acabaram perdendo a volta por 1 a 0. Nas oitavas, a derrota de 5 a 1 para o Borussia Mönchengladbach na ida na Alemanha, foi revertida com um 4 a 0 no Santiago Bernabéu. A capacidade merengue de reverter placares adversos naquelas Copas da UEFA, jogando em casa, rendeu a máxima que os minutos no Santiago Bernabéu são mais longos, fazendo com que ninguém goste de jogar lá até hoje.

O Real ainda passou pelos suíços do Neuchatel Xamax, antes de eliminar a Internazionale, novamente na semifinal (os italianos venceram por 3 a 1 em casa, mas o Real fez 5 a 1 em Madri). Na grande decisão, os blancos derrotaram o Colônia 5 a 1 na ida em Madri, e mesmo com a derrota por 2 a 0 na Alemanha, levantaram a taça.

Ainda em 1986, o Real Madrid formou a base que defendeu a Espanha na Copa do Mundo do México, e fez boa campanha. O clube ainda viu a chegada de vários reforços de qualidade, como o goleiro Buyo, os zagueiros Tendillo, Hierro e Ruggeri, e o meia alemão Bernd Schuster. O clube também conquistou o o Campeonato Espanhol de 1986-1987, assim como o faria nas temporadas 1987-1988, 1988-1989 e 1989-1990, consagrando assim um histórico pentacampeonato.

Para este Real Madrid se consolidar ainda mais na história, só faltou conquistar uma Copa/Liga dos Campeões. Na temporada 1986-1987 os merengues até eliminaram a Juventus de Platini, mas viram o Porto terminar com a taça. Na edição seguinte, eliminaram o Napoli de Maradona, Careca e companhia, o Porto campeão europeu, e o Bayern de Munique, então vice-campeão, mas caíram nas semifinais,  diante do PSV Eindhoven, após dois empates, primeiro em 1 a 1 em Madrid, e depois sem gols na Holanda. Nas edições seguintes, o algoz merengue acabou sendo o Milan, de Arrigo Sacchi e dos holandeses.

O Real ainda faturou, no meio do caminho três vezes a Supercopa espanhola, e uma vez a Copa do Rei (na temporada 1988-1989). A equipe só começou a ter fim quando Martín Vázquez foi para o Torino, e houve o surgimento do 'Dream Team' de Cruyff no Barcelona. Mesmo assim, o Real Madrid da quinta del buitre ficaria marcado para sempre na história madridista, como exemplo de bom futebol e sucesso.

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