Guia da Copa do Mundo 2018: Argentina

Guia da Copa do Mundo 2018: Argentina



O ciclo da Argentina entre 2014-2018 pode ser dividido em dois. Depois de perder a final da Copa do Mundo 2014 para a Alemanha na prorrogação, em uma decisão onde criou mais que a rival, a albiceleste passou ao comando de Gerardo "Tata" Martino, que tinha a missão de evoluir o trabalho de Alejandro Sabella. Martino, que havia deixado o Barcelona poucos meses antes, levou a Argentina à duas finais de Copa América, jogando muito bom futebol, especialmente na segunda. Mas perdeu, nas duas ocasiões para o Chile, nos pênaltis. Se na primeira vez, o rival jogava em casa, e sob às ordens de Jorge Sampaoli fez um bom jogo na final, na segunda decisão, a da Copa América Centenário, a Argentina acabou perdendo para o Chile de Pizzi, já com sérios problemas, que inclusive acarretaram na não classificação do selecionado andino à Copa do Mundo 2018. 

Em meio à isto, a AFA sofreu intervenções do governo e da FIFA, após o FIFAgate. A seleção sofreu com a falta de apoio da federação, que estava esfacelada, e com salários atrasados, e problemas para montar o time olímpico que iria para os Jogos Rio-2016, Martino pediu demissão do cargo. Em seu lugar, assumiu o famoso Edgardo Bauza, de boa carreira em clubes sul-americanos. Na seleção, contudo, o "Paton" não conseguiu remontar um elenco que vinha de três finais perdidas, a última delas para um rival que não jogava bem, e estando no auge de seu ciclo. O resultado foi, uma Argentina presa nas Eliminatórias, que sofreu para se classificar para a Copa do Mundo. Em 2017, Bauza foi demitido, e a AFA, já melhor estruturada, foi buscar Jorge Sampaoli no Sevilla. Com o ex-treinador do Chile, a Argentina, nas eliminatórias, somou três empates, e uma vitória contra o Equador em Quito, na última rodada, com um hat-trick heróico de Messi. Assim, Sampaoli conseguiu levar a Argentina à Copa da Rússia, terminando as eliminatórias sul-americanas na terceira posição. Agora, tem a missão de montar um time capaz de sair do quase, e voltar a ser campeão do mundo.


Guia da Copa do Mundo 2018: Argentina


Sampaoli conseguiu vencer Itália, Brasil e Rússia em amistosos, mas perdeu para a Nigéria em um encontro assim, além de ter sido goleado pela Espanha. Nestas ocasiões, sempre usou um 3-5-2, ou o 3-4-2-1, sistema base do histórico bielsismo, maior referência de Sampaoli ao lado do jogo de posição de Juanma Lillo, seu ex-assistente no Sevilla e na Seleção chilena. Contudo, ele também poderá usar uma linha de quatro na defesa, e inclusive, se ele alternar entre sistemas no decorrer da Copa, não será surpresa. Aos poucos, ele foi pescando jogadores para suas ideias, e montou um bom rascunho de time, precisando agora evoluir mecanismos, para chegar ao grande objetivo do trabalho, que é potencializar Lionel Messi. As linhas de cinco pegaram recentemente, e isto tem favorecido a montagem do elenco, assim como as recentes boas gerações jogadores nascidos no país. 

No gol, apesar do nível de Nahuel Guzman e Armani, Sergio Romero passava muita confiança, e sempre jogava bem com a seleção, sendo uma arma nas cobranças de pênaltis, que podem ocorrer em um torneio de tiro curto, como é a Copa do Mundo. Contudo, uma lesão no joelho direito, o tirou do Mundial, dando chances à Willy Caballero. Jogador de confiança de Sampaoli, Mercado, se não for lateral numa linha de quatro, será o zagueiro pela direita, enquanto Otamendi, um dos melhores defensores do mundo no Manchester City de Guardiola, será o zagueiro pela esquerda. Fazio deve disputar com o eterno capitão sem braçadeira Javier Mascherano, que recentemente foi jogar na China, um outro lugar na zaga, com Mascherano também podendo atuar no meio. Bustos parecia ser o melhor lateral-direito argentino da atualidade, mas ficou de fora da lista final, e Ansaldi, surpresa da mesma, ou um extremo, como Pavon, pode jogar na ala, em casos de necessidade. O meio, além de Mascherano, deve ter um infiltrador, e um ritimista, como Banega, ou Biglia, e resta saber se haverá um volante na frente da área, com Dí Maria sendo o ala esquerdo, ou outro atleta será o ala, com "El Fideo" sendo mediapunta ao lado de Lionel Messi, o melhor jogador do planeta, e um dos maiores da história, que dispensa apresentações. Aguero disputa a posição de centroavante titular com Gonzalo Higuaín, marcado na albiceleste pelos gols perdidos em finais, mas um dos melhores delanteros do planeta nos últimos anos. Com esta base, é necessário criar e memorizar mais mecanismos, para ser realmente competitiva.

A Argentina, deverá apostar muito nas associações para criar, assim como no talento, já aqui referido. Na marcação, o time deve trabalhar com linhas altas, buscando roubar em zonas adiantadas, com pressão no portador da bola. O pressing, com a pressão pós perda, também deve ser forte, mas a cobertura por trás desta primeira linha de combate, no momento, é a preocupação. Este sistema demora para encaixar, por mais que os defensores argentinos tenham boas noções de tempo e espaço, o que tem salvado a situação por vezes. Contra um rival que bate bem as primeiras linhas de pressão, e possui atacantes velozes e com boa noção para atacar espaços vazios, o time poderá sofrer. Corrigir isto, será fundamental para lutar pela taça.

A Argentina está no grupo D da Copa do Mundo, ao lado de Islândia, Croácia e Nigéria. É a favorita para passar, e caso venha a se complicar, vai demonstrar estar muito perdida. Avançando em primeiro, deve ter um duelo acessível nas oitavas-de-final, mas a partir das quartas, deve estar sempre diante de uma potência, como Espanha, Alemanha ou Brasil, e vai precisar de muita força e Messi, para voltar para casa com a taça, que não vem desde 1986.



Sistema Tático: 3-4-2-1

O craque: Lionel Messi (Barcelona)

A esperança: Pau Dybala (Juventus)

Técnico: Jorge Sampaoli

Time-base: Caballero; Mercado, Fazio, Otamendi e Tagliafico; Mascherano, Banega e Lo Celso; Dí Maria, Messi e Aguero (Higuaín).




Lista de convocados para a Copa do Mundo 2018:



Goleiros: Wilfredo Caballero (Chelsea, ING) e Franco Armani (River Plate) e Nahuel Guzmán (Tigres, MEX).

Defensores: Gabriel Mercado (Sevilla, ESP), Nicolás Otamendi (Manchester City, ING), Federico Fazio (Roma, ITA), Javier Mascherano (Heibei Fortune, CHN), Marcos Rojo (Manchester United, ING), Marcos Acuña (Sporting, POR), Nicolás Tagliafico (Ajax, HOL) e Cristian Ansaldi (Torino, ITA).

Meio-campistas: Eduardo Salvio (Benfica, POR), Lucas Biglia (Milan, ITA), Éver Banega (Sevilla, ESP), Giovani Lo Celso (PSG, FRA), Enzo Pérez (River Plate), Cristian Pavón (Boca Juniors), Maximiliano Meza (Independiente) e Ángel Di María (PSG, FRA).


Atacantes: Lionel Messi (Barcelona, ESP), Paulo Dybala (Juventus, ITA), Sergio Agüero (Manchester City, ING) e Gonzalo Higuaín (Juventus, ITA).





Imagem: FIFA.com

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