Grandes Times: o Barcelona de 1950-1965

Grandes Times: o Barcelona de 1950-1965


Muito se fala do grande Real Madrid dos anos de 1950, que com um grande time e craques como Di Stéfano, Kopa, Luís del Sol, Gento e Puskás, dominou a Copa dos campeões em seus primórdios. Contudo, pouco se fala do Barcelona destes tempos. Com Ramallets, Basora, Luis Suárez, Kocsis, Czibor e Ladislao Kubala, o Barça batia de frente com este Real dentro da Espanha,  e assim recheou a sua sala de troféus durante anos.

Além de ser um time vencedor e que encantava, o Barcelona dos anos de 1950 e 1960 foi fundamental também no cenário político. O lema "Mais que um clube" se tornou uma bandeira do Barcelona. Algo que pode parecer simples, mas vai além. O Barça virou símbolo da resistência da Catalunha durante a Guerra cívil espanhola. Mesmo após ver o assassinato do seu presidente, Josep Suñol, ter sido obrigado a mudar de nome e quase fechar as portas, o clube se reergueu a partir da década de 1940, se tornando um dos maiores de todo o planeta. A partir deste momento, o sentimento catalão e o FC Barcelona adquiriram uma simbiose tão grande, que é difícil falar de um sem citar o outro.

Os anos de sofrimento foram muitos, mas chegaram ao fim. O Barcelona voltou a conquistar o título do Campeonato Espanhol na temporada 1944-1945, quebrando um jejum que vinha desde 1929. A retomada só foi possível porque o presidente do Barça passou a ser indicado pelo governo franquista, já que o ditador entendeu, que se não conseguia destruir o clube, era melhor controlá-lo. Apenas em 1953 o clube voltou a ter eleições diretas para a presidência.

O começo dos anos dourados se deu ainda em 1949, quando o clube conquistou a Taça Latina, a grande precursora da Champions League. Um ano depois, em 1950, o mundo viu a chegada de um dos melhores jogadores do mundo à Catalunha. O craque húngaro Ladislao Kubala foi contratado com toda a pompa que merecia, juntamente com o treinador checoslovaco Fernando Daucik.

Começava assim um período ainda mais exitoso para o clube blaugrana. Infelizmente, Kubala acabou sancionado pela FIFA por ter fugido de Hungria, e só pode estrear no dia 29 de abril de 1951.
Ainda em 1950, o Barça começou a caminhada das inesquecíveis conquistas do bicampeonato espanhol e do tri da Copa do Rei. O clube se sagrou campeão nacional nas temporadas 1951-1952 e 1952-1953, e além de assegurar o doblete nas duas ocasiões, também havia faturado a Copa nacional em 1950-1951. Nos anos de 1952 e 1953, veio também a conquista da Copa Eva Duarte, antiga Supercopa espanhola, e em 1952 o clube faturou ainda a sua segunda Taça Latina, fechando um ciclo espetacular.

Também em 1953, o Barcelona se envolveu em uma disputa com o Real Madrid pela contratação de Alfredo Di Stéfano. O jogador já estava acertado com o clube blaugrana, mas os merengues atravessaram a negociação, que foi parar na FIFA. A entidade máxima do futebol, provavelmente com influências políticas, acabou dando ganho de causa ao clube da capital. Di Stéfano se converteu em um dos maiores jogadores da história madridista, e foi o principal responsável pelo pentacampeonato da Champions League, entre 1956 e 1960.

Em 1954, o Barcelona começou a construção do seu novo estádio, o Camp Nou. O Les Corts, com capacidade para 60 mil torcedores, havia ficado pequeno para o número de torcedores e sócios do clube. Mais do que qualquer pessoa, a grande casa Culé pode simbolizar perfeitamente a retomada e virou símbolo do orgulho catalão, em uma época onde as demonstrações da cultura regional eram fortemente repreendidas.

Outro fator importante para a consolidação da força barcelonista foi a chegada do técnico Helenio Herrera. Depois de passagens de sucesso por Atlético de Madrid e Sevilla, ele chegou ao Barça para impor um novo estilo de jogo. O conceito de futebol total, evoluído por nomes como Michels, Cruyff e Guardiola teria início com HH, e ficaria impregnado para sempre em seu DNA. Com o quinteto Kubala, Kocsis, Evaristo, Suárez e Czibor, os blaugranas formaram um esquadrão quase imbatível, e que prosseguiria fazendo história.

Após uma temporada 1953-1954 sem títulos, o Barça voltaria a levantar taças na reta final da década de 1950. Em 1955, o Barcelona começou a disputar a recém surgida Taça das Cidades com Feiras, torneio organizado pela FIFA, e que foi o precursor da Copa da UEFA. A Copa teria representações de combinados das cidades com mostras internacionais da Europa, sendo elas Barcelona, Basileia, Birmingham, Copenhague, Frankfurt, Lausana, Leipzig, Londres, Milão e Zagreb.

Barcelona, Copenhague, Birmingham City, Internazionale acabaram por representar suas cidades, enquanto Zagreb, Lausanne Sports, Leipzig, Londres, Frankfurt e Basileia contaram com combinados de atletas dos clubes locais. O Barcelona estreou no torneio no dia 25 de dezembro de 1955, goleando o Copenhague por 6x2. A equipe blaugrana ainda eliminou o Birmingham City nas semifinais, antes de derrotar na final o Londres XI, combinado que contava com estrelas de Arsenal, Chelsea e Tottenham. Uma curiosidade, é que o torneio durou mais de 2 anos, e só terminou em 1958.

Neste meio tempo, o Barcelona conquistou a Copa do Rei na temporada 1956-1957, e a pequena Copa do Mundo de Clubes em 1957, torneio de grande representatividade na época. Na temporada 1958-1959, o Barcelona voltou a conquistar o doblete nacional. Na temporada 1959-1960, o Barça participou da Liga dos Campeões pela primeira vez na história, e chegou até a semifinal onde encarou o Real Madrid. As duas derrotas por 3x1 acabaram com o sonho blaugrana, que viu o rival chegar na decisão, onde bateria o Eintracht Frankfurt por 5x3, para se sagrar bicampeão da Europa. No Campeonato espanhol, contudo, o Barcelona levou a melhor, e ficou com a taça, levantando também o seu seguindo caneco na Taça das cidades com feiras.

A segunda participação na Liga dos Campeões aconteceu na temporada 1960-1961, já sem Helenio Herrera no comando. Após eliminar o Lierse da Bélgica na primeira eliminatória, o Barça encontrou o Real Madrid novamente, agora ainda nas oitavas de final. Após um empate em 2 a 2 na capital espanhola, com Luís Suárez marcando duas vezes, o clube catalão fez valer o fator Camp Nou, venceu por 2 a 1, com gols de Evaristo e Vergés, e entrou para a historia. Além de impedir o hexacampeonato madridista, o Barcelona ainda se tornou o primeiro clube a eliminar o Real de uma liga dos Campeões.

Nas quartas de final, o Barcelona, não deu chances para os thecos do Spartak Krávolé, e avançou com um agregado de 5x1. Posteriormente, a equipe ainda eliminou o Hamburgo nas semifinais, se classificando para a sua primeira final de Liga.

A final da Copa dos Campeões de 1961 aconteceu na cidade de Berna, na Suíça. Estava tudo preparado para a conquista blaugrana. Entretanto, faltou combinar com o Benfica, do lendário técnico húngaro Béla Guttmann. As águias derrotaram o Barcelona por 3x2, e frustraram totalmente os catalães.

Em 1965-1966, o Barcelona conquistaria a sua 3° taça das cidades com Feira. Ainda venceria mais algumas Copas do Rei nos anos de 1960, mas só voltaria a vencer La Liga na metade dos anos 1970, já com Cruyff no time.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Todos os Campeões do Mundial de Clubes (1960 - 2022)

Diego Armando Maradona: a história da lenda argentina

Grandes Times: o Borussia Dortmund de 2010-2013